Ser simples dói.
É
a dor de achar que nada se tem, que nada se quer, que nada vem, que nada vai,
que nada... Dói largar os pesos, os anseios, as nostalgias, as notas, as
carícias que aquecem o ego, as amarras que fingem nos libertar. Dói ser
simples, desapegado, sem dogmas ou neuras, apenas corpo e alma – mais alma do
que corpo. Utilizam-se os mais variados recursos para que essa tal simplicidade
seja menos dolorida: vícios em mantras, preces, sacrifícios, suicídios,
despedidas inesperadas, entre outros. Faz-se de um tudo para ser livre, mas
esquece-se que, para ser livre, é preciso libertar-se até de si mesmo.
Dói
ser puro. A vaidade nos assombra, e por mais que a consciência grite dentro de
minutos, sentir-se extremamente bom em algo é assustador de tão extraordinário.
É um perigo. Somos perigosos para nós mesmos; o pior inimigo está dentro da
gente.
Viver
dói. Porque requer mudanças diárias, evoluções necessárias, momentos de
angústia. E quanto maior for a dor, é como se a vida valesse ainda mais –
porque a graça não está na dor, mas nas cicatrizes. A graça está em viver sem
medo, em aceitar todas as dores do mundo dentro de uma só: a vida.
Dói
ser simples. Mas o analgésico é saber que sempre seremos complexos.
(Tumblr)
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