Já percebeu que para cada tipo de
pessoa existe um sorriso diferente?
Para
os românticos, por exemplo, existe aquele sorriso largo, metade dolorido,
metade extasiado. Para os problemáticos, o velho e bom amarelo. Para os
fumantes, mais de cinquenta tons de cinza – e para os que fazem piadinhas
infames, aquele sorriso que ninguém mais solta; um cavalheiro solitário.
Para
os iludidos, um sorriso forte, cheio de certeza. Para os ilusionistas, um
sorriso com tom de vazio existencial que se esconde por trás de um charme
irresistível. Os sonhadores apostam naquele distante, sabe, aquele que você
precisa concentrar todas as áreas do seu cérebro para alcançar numa perdida
ilha da imaginação. Para os incompreendidos, bom, esses sorriem por sorrir; a
verdade é que ver esse tipo de gente sorrindo está mais difícil que ver enterro
de anão.
Para
os desesperados, aquele que parece a luz no fim do túnel; sabe quando a luz
volta tão forte após uma queda brusca que queima? Por aí. Para os palhaços, o
descabido; excesso de dente não é desculpa. Para os vitoriosos, aquele
irritantemente branco que dura breves cinco minutos. Para os perdedores, aquele
que parece durar a vida inteira.
E
há uma espécie de gente que se torna rara só pelo sorriso que solta. Sim, este
é um segredo confidencial; não espalhe. É um sorriso indefinível, indefinido,
quase indecente. Que mostra todos os dentes sem parecer ridículo, que brilha
sem clareamento. Aquele que muda o dia até mesmo de quem não sorri, mas que se
deixa levar por aquele nada discreto abrir de boca. Serve de moldura para almas
voadoras e admiráveis. Pode vir de pessoas com características aparentemente
normais: românticos, problemáticos, fumantes, piadistas frustrados, iludidos,
ilusionistas, sonhadores, incompreendidos, desesperados, palhaços, vitoriosos,
perdedores etc. É aquilo: a alma é tão livre que não é o tipo de pessoa que
define o sorriso, mas sim o sorriso que define a pessoa por inteiro, sem tipos,
sem perfis prontos. Pessoas invejáveis.
Falando
nisso, onde fica o consultório do seu dentista?
Não,
não é porque o clareamento ficou ótimo. É para eu passar longe mesmo.
(É a dona Marilyn, pô!)
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