quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Planos tortos



- E então, quais são os seus planos para o futuro?
               Em primeiro lugar, eu gostaria de sumir. Sabe, ir pra um lugar bem longe, quem sabe pegar um avião com destino à Felicidade – mas aceito escalas, porque afinal de contas a vida é uma caixinha de surpresas. Em segundo, parar de contar. Não gosto de matemática. Cálculos são para os bons. Não sei se sou uma boa pessoa... E esse não é o momento certo de saber, porque definitivamente não pretendo morrer agora. Parar de fazer listas: de desejos, de compras, de problemas. Queimar essas folhas velhas, deixar as cinzas de um passado que pode até ter sido legalzinho se perderem no ar. Sim, deixar queimar... Depois eu me entendo com a camada de ozônio, passo um protetor, sei lá. Não fugir de nenhuma responsabilidade, não negar nenhum compromisso... Mas também não me prender ao relógio – muito menos ao calendário. É bom ter sonhos, contar carneirinhos, pedir baixinho a Deus pra tudo aquilo de bom e bonito que a gente acha que merece acontecer. Tentar obedecer às regras, mas só quando encontrar sentido nelas; quando não, fazer as suas, sempre se lembrando de que a gente não está sozinho, é como se vivêssemos numa comunidade Hippie (tirando o “Hippie”, mas tudo bem). Não perder o senso de humor, até porque não dá pra encarar essas montanhas-russas travestidas de hormônios sem uma piadinha aqui e outra lá. Cometer um errinhos de vez em quando... Não de sacanagem, só pra aprender mesmo. Beber bastante água, porque meu avô já dizia que a água é remédio pra tudo – ô vô, eu queria que o senhor estivesse vivo pra eu perguntar sobre aquelas pessoas que morrem afogadas, mas eu pergunto daqui onde estou e o senhor solta sua risadinha aí onde está. Encontrar a pessoa certa, nem que pra isso eu tenha que ser a errada de vez em quando. Mas sabe, tem que ser AQUELE fulano (ou fulana), o que te faz rir, chorar, encarar a vida com leveza, acreditar que o amanhã é incerto (e por isso mesmo é delicioso), aquele que te empurra, mas que se joga logo em seguida pra não te deixar sozinho. Pode ser amigo, amante, o que for. Tem que ser sua casa, sua vida, um pedaço de você. Sua família. Seu porto seguro.
               Ah, sim, como eu ia dizendo, eu não tenho planos. Só uma conversinha fiada pra mais de hora e uma vontade imensa de me jogar nessa loucura que chamam de futuro. Moço, não esquece que a minha camisa de força é tamanho P, tá? 

(Ouça Blank space, Taylor Swift) 

(spindle figures)

Nenhum comentário:

Postar um comentário