- E então, quais são os seus planos
para o futuro?
Em
primeiro lugar, eu gostaria de sumir. Sabe, ir pra um lugar bem longe, quem
sabe pegar um avião com destino à Felicidade – mas aceito escalas, porque
afinal de contas a vida é uma caixinha de surpresas. Em segundo, parar de
contar. Não gosto de matemática. Cálculos são para os bons. Não sei se sou uma
boa pessoa... E esse não é o momento certo de saber, porque definitivamente não
pretendo morrer agora. Parar de fazer listas: de desejos, de compras, de
problemas. Queimar essas folhas velhas, deixar as cinzas de um passado que pode
até ter sido legalzinho se perderem no ar. Sim, deixar queimar... Depois eu me
entendo com a camada de ozônio, passo um protetor, sei lá. Não fugir de nenhuma
responsabilidade, não negar nenhum compromisso... Mas também não me prender ao
relógio – muito menos ao calendário. É bom ter sonhos, contar carneirinhos,
pedir baixinho a Deus pra tudo aquilo de bom e bonito que a gente acha que
merece acontecer. Tentar obedecer às regras, mas só quando encontrar sentido
nelas; quando não, fazer as suas, sempre se lembrando de que a gente não está
sozinho, é como se vivêssemos numa comunidade Hippie (tirando o “Hippie”, mas
tudo bem). Não perder o senso de humor, até porque não dá pra encarar essas
montanhas-russas travestidas de hormônios sem uma piadinha aqui e outra lá.
Cometer um errinhos de vez em quando... Não de sacanagem, só pra aprender mesmo.
Beber bastante água, porque meu avô já dizia que a água é remédio pra tudo – ô vô,
eu queria que o senhor estivesse vivo pra eu perguntar sobre aquelas pessoas
que morrem afogadas, mas eu pergunto daqui onde estou e o senhor solta sua
risadinha aí onde está. Encontrar a pessoa certa, nem que pra isso eu tenha que
ser a errada de vez em quando. Mas sabe, tem que ser AQUELE fulano (ou fulana),
o que te faz rir, chorar, encarar a vida com leveza, acreditar que o amanhã é
incerto (e por isso mesmo é delicioso), aquele que te empurra, mas que se joga
logo em seguida pra não te deixar sozinho. Pode ser amigo, amante, o que for.
Tem que ser sua casa, sua vida, um pedaço de você. Sua família. Seu porto
seguro.
Ah,
sim, como eu ia dizendo, eu não tenho planos. Só uma conversinha fiada pra mais
de hora e uma vontade imensa de me jogar nessa loucura que chamam de futuro.
Moço, não esquece que a minha camisa de força é tamanho P, tá?
(Ouça Blank space, Taylor Swift)
(spindle figures)
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