Faz
um bom tempo que li “Garota exemplar”. Eu, meio avessa aos best-sellers
estrangeiros, resolvi dar uma chance à capa simples e misteriosa que achei nas
internets da vida. Não sei se é a narrativa americana ou a tradução para o
português que parece padronizar todas as histórias não escritas no Brasil –
talvez essa seja uma impressão unicamente minha. Mas, surpreendentemente, me
encantei pela história, pela forma como era dividida, pela linguagem simples e
irônica. Às vezes, parecia um episódio do “Casos de família”. Uma história tão
humana com um final tão caótico que me encantou. Ou você ama, ou odeia.
A
garota exemplar nunca existiu de verdade. Inventada pelos pais, é robotizada,
sorri para as câmeras, linda, doce, boa de cama, aquela que nenhuma outra é
capaz de ser. Mas seu lado humano mata, mente, trai, golpeia, destrói. É nesses
surtos de loucura que Amy se descobre e deixa de ser exemplar, e se torna
apenas Amy, a “vaca” odiada por um marido infiel, apático e completamente sem
expectativas para o futuro.
O
filme, pra mim, é uma obra prima. Grandes interpretações, e o melhor de tudo:
segue fielmente o livro. Ou seja, a obra não escapa nem um pouco da imaginação
do leitor. David Fincher tem no currículo filmes como “Seven” (Deus, como eu
amo esse filme) e “Clube da luta”. A sensação que dá é que Gillian Flynn
escreveu “Garota exemplar” excepcionalmente para que Fincher tivesse a ousadia
de criar um filme tão perfeito e arrebatador. A interpretação de Ben Affleck –
criticada com certa razão, pois creio que ele seja melhor diretor do que ator,
mas tudo bem – é importante para sustentar a loucura da personagem principal,
interpretada majestosamente pela atriz Rosamund Pike (que, na minha opinião, é
bem parecida com a já clássica Emily Thorne de “Revenge”, e acredito que eu não
seja a única a pensar desta forma). A cena da morte do personagem interpretado
pelo incrível Neil Patrick Harris é, no mínimo, perfeita. Aliás, tudo nesse
filme é perfeito. Até mesmo a duração – não curto filmes muito longos, confesso
– é perdoável.
Gillian,
parabéns. Você criou uma obra prima. Nunca um livro mereceu tanto o título de “Best
seller”. Nunca um filme caiu tanto nas minhas graças. Minhas reverências.

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