segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Ensaiando opiniões: "Garota exemplar" (livro/filme)



               Faz um bom tempo que li “Garota exemplar”. Eu, meio avessa aos best-sellers estrangeiros, resolvi dar uma chance à capa simples e misteriosa que achei nas internets da vida. Não sei se é a narrativa americana ou a tradução para o português que parece padronizar todas as histórias não escritas no Brasil – talvez essa seja uma impressão unicamente minha. Mas, surpreendentemente, me encantei pela história, pela forma como era dividida, pela linguagem simples e irônica. Às vezes, parecia um episódio do “Casos de família”. Uma história tão humana com um final tão caótico que me encantou. Ou você ama, ou odeia.
               A garota exemplar nunca existiu de verdade. Inventada pelos pais, é robotizada, sorri para as câmeras, linda, doce, boa de cama, aquela que nenhuma outra é capaz de ser. Mas seu lado humano mata, mente, trai, golpeia, destrói. É nesses surtos de loucura que Amy se descobre e deixa de ser exemplar, e se torna apenas Amy, a “vaca” odiada por um marido infiel, apático e completamente sem expectativas para o futuro.
               O filme, pra mim, é uma obra prima. Grandes interpretações, e o melhor de tudo: segue fielmente o livro. Ou seja, a obra não escapa nem um pouco da imaginação do leitor. David Fincher tem no currículo filmes como “Seven” (Deus, como eu amo esse filme) e “Clube da luta”. A sensação que dá é que Gillian Flynn escreveu “Garota exemplar” excepcionalmente para que Fincher tivesse a ousadia de criar um filme tão perfeito e arrebatador. A interpretação de Ben Affleck – criticada com certa razão, pois creio que ele seja melhor diretor do que ator, mas tudo bem – é importante para sustentar a loucura da personagem principal, interpretada majestosamente pela atriz Rosamund Pike (que, na minha opinião, é bem parecida com a já clássica Emily Thorne de “Revenge”, e acredito que eu não seja a única a pensar desta forma). A cena da morte do personagem interpretado pelo incrível Neil Patrick Harris é, no mínimo, perfeita. Aliás, tudo nesse filme é perfeito. Até mesmo a duração – não curto filmes muito longos, confesso – é perdoável.
               Gillian, parabéns. Você criou uma obra prima. Nunca um livro mereceu tanto o título de “Best seller”. Nunca um filme caiu tanto nas minhas graças. Minhas reverências. 

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