E
se o cara que inventou a cólica for o mesmo que inventou o amor?
Ok,
essa não é a pergunta mais sensata a se fazer. Mas é aquilo... Amor e cólica são
capazes de tirar de nós toda a sensatez.
Aquela
sensação estranha... Coisa que altera os sentidos, as entranhas, tudo que a
gente é capaz de sentir. A gente se contorce, se revira, se vira nos trinta...
E tudo que sentimos é uma vontade enorme de gritar. Gritar o que? Gritar por
quê? Gritar pra quem? Ninguém sabe. Simplesmente dói. Dor que tá na rotina, mas
que nem por isso é corriqueira. Barulhos irritam. Tudo parece mais frio. Às
vezes esquenta, mas então esfria de novo, como se o tempo cortasse os pulsos. E
então a gente procura braços que nos aqueçam... Ou almofadas. Bem posicionadas.
Macias. Quentinhas. Quietinhas. Bom, a gente tenta.
Esquisito.
Tem os que tentam explicar, mas não conseguem. Admitam: não há explicação.
Aceitem. Parem de ver tantas perguntas por aí; o que não se responde respondido
está. É a vida. A regra do jogo. O jeito que deve ser. E os filmes da tarde até
tentam nos mostrar o lado bom e maquiado da coisa... Mas tem coisas que não
devem ser maquiadas; a gente tem que deixar respirar, mesmo que os poros fiquem
entorpecidos com a poluição, mesmo que pareça horrível, assustador, deprimente.
A gente simplesmente sente. Dói porque tem que doer; pra dar liga, talvez. E
então, o frio. A procura por braços que nos tirem desse clima de Sibéria.
Almofadas não servem, nem mesmo aquelas em formato de coração com um (nada)
original “eu te amo” costurado em branco. Só braços... Olhos também. E por que
não sorrisos? Ah, também são de grande valia. O corpo todo. A alma toda.
Seja
quem for esse cara... Ok, teve lá sua importância. Mas nem por isso podemos
dizer que foi um sujeito criativo.
No
mais, agradeço apenas ao cara que inventou o Atroveran (que por sinal não me
deu um real por essa propaganda deslavada).
(Ouça O, Coldplay)
(Pop art comic)
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