- Gestos grandiosos de amor me
fazem acreditar no amor.
Uma
conversa no Twitter com uma amiga me fez pensar nesse assunto. Gestos
grandiosos. Amor. Gente que se entrega, não, mais do que se entrega: faz
loucuras, não se importa em parecer ridículo para colocar um sorriso no rosto
da pessoa amada. Minha amiga dizia que quando via um rapaz fazer algo grande e
surpreendente para seu amor, acreditava que um dia o seu chegaria. Eu disse que
essa coisa de grandiosidade não faz o meu tipo. A machona.
Não
acredito em grandiosidades. Sei lá, acho que o mundo deixa a gente meio duro...
“Sabe de nada, inocente”. Não sei se quem faz loucuras por amor realmente ama,
até porque acredito que exista uma linha tênue entre a loucura que a gente sabe
que é loucura e faz só pra chamar atenção, ganhar um crédito e marcar a opção “eu
fiz a minha parte” e aquela loucura que a gente até pode imaginar que seja uma
loucura, mas que a gente faz sem se importar, simplesmente porque deu vontade
de fazer – isso também não te isenta de um bom diagnóstico assinado por um
psiquiatra de primeira linha.
Mas
quando se trata de loucuras românticas... Todos nós somos criados na base da
prova de amor. E cada um tem uma concepção diferente. Existem os que acreditam
que provas de amor são essenciais, e nesse quesito entram as cartinhas românticas,
as flores e os diamantes – quanto mais suntuoso (e caro), melhor. Existem os
que negam a importância de provar o amor, até porque se trata de um sentimento,
não de um prato de comida. E existem aqueles que acreditam que o amor,
surpreendentemente, encontra-se na rotina.
Exatamente.
É a rotina que faz o amor, não a data especial ou aquele jantar à luz de velas.
Amor a gente faz todo dia, meu caro. E faz por qualquer pessoa. Amor a gente
faz pela gente, pelo que vê no espelho. Amor não é relativo. Amor é amor, é
clichê. E exatamente por isso a gente deve respeitar.
A
gente ama quando cuida, quando se preocupa, quando confia. “Como foi seu dia?”,
“como vai aquela dor de cabeça?”, “dá pra gente se ver qualquer dia?”. Sentiu
um perfume e se lembrou de quem você gosta. Aliás, nem precisa sentir perfume.
A gente não precisa lembrar que gosta. Quando a gente gosta, a lembrança não
compete com o esquecimento.
Ah,
sim, atos grandiosos. Pichar um muro. Roubar um anel de diamantes. Pagar uma
passagem pra Paris. Dar todas as rosas que encontrar pela cidade. Pedir em
casamento de um jeito inesperado. Dar aquele presente que você sabe que nem
vendendo um rim conseguirá pagar. Loucuras para dizer que fez, para jogar na
cara, ou simplesmente pra matar o tempo enquanto o outro pensa: “caramba, eu o
amo, mas não sei se teria cabeça pra fazer tudo isso”.
Como
já disse, o amor está nas pequenas coisas. Sabe por quê? Porque nós somos
pequenos. O mundo é uma grande bola formada por pequenas formiguinhas sofredoras:
nós. Não nascemos pra carregar pesos que não sabemos calcular; quem se atreve
não merece uma salva de palmas, merece no máximo uma crise de autoestima
dizendo: “nossa, já te disseram que você é um idiota?”. A gente ama porque o
amor é o único peso-pesado que conseguimos suportar, apesar das controvérsias.
E a maior loucura que existe a gente já cometeu: amar. Então não precisa
inventar. Nem precisa vestir a carapuça de grosseiro e dizer: “ah, eu não
preciso ser romântico”. Não, não é assim que as coisas funcionam.
O
amor é grande, pode ser dividido em pequenos potes. A vida é feita de potes. Dá
pra guardar tudo, pra armazenar – só não é permitido tampar. Claro, fugas da
rotina são sempre bem-vindas... Mas do que adianta fingir que ela não existe?
Não conheço alguém em férias permanentes.
Por
isso, ame. Ame sem ter medo da medida. Mas não apele para impressionar, para
ganhar estrelinhas no seu relatório direcionado à sua consciência. O amor é
grande, tem pra todo mundo, tem pra todos os dias, tem pra vida inteira. Basta
começar pela gente. O amor não se mede, mas mede a gente.
Quer
loucura maior do que se entregar? O resto é fichinha. Nem adianta tentar
impressionar.
Respondendo à pergunta do título: tem não, dona. Amor é imensurável. Anota aí.
Ah,
e como eu disse pra minha amiga: é só uma opinião.
(Ouça Rumo ao infinito, Maria Rita)
(Agnes Cecile)
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