Nós
somos mesmo uns bichos esquisitos.
Quando
algo nos agrada, fiamos com tanto medo de perder que surtamos. Se algo nos é
desagradável, caímos num abismo de negatividade, de onde parecemos nunca mais
sair. Se amamos, focamos no egoísmo de saber se também somos amados; se não
amamos, somos uns miseráveis cansados. Se alguém opina sobre algo, condenamos
por discordar de nós ou por concordar e soltar um argumento melhor que o nosso;
se a pessoa fica na dela, condenamos por ter uma boca e não usar, por parecer
fraco ao investir no silêncio.
Se
alguém nos enfrenta, é um crápula; se nos apoia, é um puxa saco. Se é bonito,
só pode ser ignorante; se é feio, é um coitado. Se é réu, deve morrer; se é
vítima, deve pagar pela burrice. Se é do Ocidente, é impuro, desviado; se é do
Oriente, é explosivo (irônica e literalmente). Se sofre, deve enxugar as
lágrimas; se é feliz, pode até sorrir, mas que sorria longe de nós. Se voa, pode
cortando suas asinhas, você não é nem anjo nem avião; se anda, pode tirando
esses sapatos antes de entrar. Se tem vícios, é fraco; se não tem, ops, tem
algo errado. É casado? Trai. É solteiro? Não vale nada. Namora? Nos enjoa só de
olhar. Noivou? Enrolou. É daqui? Idiota. É de lá? Prepotente.
Acredito
que os pesquisadores de plantão ainda descobriram esse prazer que há em
apontar. Pode ser que seja um prazer sexual; a mão que julga masturba o nosso
ego. É muito mais do que uma questão de hipocrisia; trata-se de algo mais
profundo, com ares oceânicos, enlouquecedores, tenebrosos...
Não,
não somos modernos, críticos, conservadores, literatos, revoltados,
conscientes, realistas, engajados, questionadores, humanos, livres, pensadores,
sobrecarregados, perdidos, complexos, perfeitos, loucos... Nada disso. A
verdade é que somos pentelhos. Pelo pubianos: chatos, nojentos, eca. Mas quem
vai lutar contra a anatomia? Quem vai mudar isso?
A
não ser que alguém invente de fazer uma depilação íntima. Na sociedade.
(Ouça Team, Lorde)
(Zaloast Chipman)
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