Ando lendo outros blogs, me metendo
em outras conversas. Aliás, nem me meto: simplesmente observo, analiso, tento
tirar proveito apenas com os olhos e o coração aberto. Meio Gossip Girl. Meio “não
tenho nada melhor pra fazer”.
Daí
que abro o meu blog. Gosto daqui, é como uma casa, um canto só meu – ok, talvez
apenas um quartinho nos fundos, mas é meu canto. Eu sei que não tem nada
demais. Tem paredes brancas, uns detalhes vermelhos, outros meio acinzentados,
algumas ilustrações bacanas, umas canções que inspiram meus textos e...
Palavras. Muitas palavras. Uma overdose delas. E isso já é o suficiente para
uma boa conversa.
Não
nego: eu queria muito que esse blog tivesse um diferencial. Algo que fizesse
dele uma extensão minha, o tipo de extensão que sai nas revistas, que vira
objeto de estudo dos críticos, que vira ícone de extensão pessoal para os
outros... Não posso ser hipócrita a ponto de dizer que não me importo se esse
blog é visto ou não. Até porque essa história de que blog é diário pessoal nada
mais é do que uma definição inventada pra preencher espaço vazio.
Meu
blog não tem nenhum diferencial que o faça ganhar prêmios, parcerias,
entrevistas etc. Se um dia essas coisinhas vierem, não vou fazer a metida e
dizer que não preciso disso; deixa esse papel pro Woody Allen. Eu vou é
comemorar, meu bem. Vou agradecer, participar de todas as gincanas, ir aos
programas de homenagem, de torta na cara e até nos humorísticos, quem sabe não
poso nua, quem sabe não faço uma plástica, vou pra um castelo, caso e me separo
antes dos seis meses de união, troco meu marido por um cantor sertanejo, faço
dinheiro e acabo minha vida pedindo voto num reality show – e, é claro, me
imaginando muito mais feliz tentando vender meus livros numa bienal lotada, mas
que me satisfaria muito mais.
Meu
diferencial talvez seja a minha vontade de fazer. Não sei o que vai vir depois,
mas pensar no momento, no presente, no que é possível pra agora, não pra
viagem. Que venham os prêmios, as parcerias e até mesmo os programas de tevê. A
gente dá um jeito, seleciona, vê o que é bacana, aproveita, aprende. Tirar
lições devia ser esporte, não tormento. E eu tô é feliz com meu blog. Meu
diferencial? Eu ensaio conversas. Fico na frente do espelho dizendo o que acho
que deve ser dito. Meu espelho é uma tela de catorze polegadas. Minha imagem é
representada pelas palavras que escrevo, e eu não preciso de maquiagem, só de
uns adjetivos bacanas. Meu diferencial é a minha necessidade de continuar
lutando por algo que ainda não sei o nome nem sei no que vai dar, mas que
existe, e é mais forte que eu.
E
se um dia quiserem me entrevistar, vou logo dizendo: só rola com a Marília
Gabriela e aquela luz indireta na minha pele oleosa toda trabalhada na
base. Mas sim, eu topo o sofá do Jô. Se for mais de um bloco, melhor ainda.
(Ouça Creep, Radiohead)
(Mister Crow)
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