Para
início de conversa, que fique claro: a lua é a coisa mais bonita que existe. A
criatura ganha dos diamantes, das rosas (qualquer coisa ganha das rosas, mas
tudo bem), das bolsas de grife, das vistas paradisíacas e, para os mais
tarados, das bundas – desculpa, sociedade. O que faz uma bola branca no meio de
um céu escuro ser tão encantadora? Não sei. Mágica, talvez. Ou quem sabe o
simples fato de que nós somos tão caretas que a tal bola branca é muito mais do
que uma simples bola branca, fazendo com que a gente quebre a cara... E se
perca na própria caretice.
Na
próxima semana, seremos contemplados com um eclipse lunar totalmente visível a
olho nu. O fenômeno acontecerá na madrugada de 15 de abril – madrugada mesmo,
algo em torno de 3 horas da manhã. Seria a lua capaz de nos tirar da cama tão
cedo?
Enfim,
isso me lembrou de algo que eu sempre acreditei. Uma teoria minha, inventada
por essa minha cabeça cheia de problemas - não importa, eu gosto mesmo assim.
Pra
mim, eclipses dão sorte. Aquela sorte de filme, sabe? Tipo encontrar um
príncipe encantado na fila do pão, descobrir um parente falecido que te deixa
milhões como herança, ganhar na loteria, ah, sei lá, essas coisas que dão um
bom (ou não) roteiro cinematográfico. Ou talvez dê a sorte que nós, seres
humanos normais que não vivemos num set de gravação merecemos. A sorte de
acreditar no céu, na noite, na lua... E de ter um instagram cheio de likes,
claro. E quem sabe alguns dias depois você encontre um plebeu interessante na
fila do mercado, ou até mesmo descubra que essa história de nobreza não passa
de conto de fadas, assim como esse lance de “amor hollywoodiano”? Ou quem sabe
você não revire seus baús internos e acabe encontrando um bom punhado de
disposição pra fazer um bom dinheiro? Vai saber, não é?
A
lua também me ensinou a acreditar em horóscopos, mesmo sem compreendê-los.
Nunca sei em qual casa meu signo está, nem sei como ocorre a conexão
signo-humor, mas eu acredito em cada frase que o jornal diz a respeito do meu
astral. E hoje em dia, todo mundo se define usando o horóscopo: “ah, eu sou
canceriana, sabe como é... Sensibilidade aflorada”. É mais importante do que
dizer seu nome ou RG, acredite.
Também
aprendi a acreditar no céu, mas sem deboches. Porque é impossível não pensar em
como somos sortudos por existirmos quando vemos o sol nascer. Quando todo
aquele azul divide seu papel com um tom alaranjado que ninguém é capaz de
definir, é possível sentir a vida dentro a gente numa simples subida de
pescoço. Ao meio-dia, quando aquele brilho azul que nos cega de tão imenso
aporta em nossa janela ou sob nossas cabeças, mesmo que a insolação pareça
inevitável, nos sentimos vivos. Em dias nublados, quando o cinza é tudo que
nossos olhos são capazes de enxergar, o céu se faz de cama pra gente deitar; é
irresistível. À noite, quando as luzes da cidade dançam num horizonte que
parece se aproximar de tão perfeito, quando as nuvens fazem a lua parecer
sombria ou quando as estrelas nos enganam como se o céu estivesse furado, não
há como não ficar nem um pouco hipnotizado. E aí vem a lua, a mãe de todos os
céus, de todas as mães, de todas as crenças e teorias perdidas que eu, você e o
mundo inteiro alimentamos todo santo dia.
Portanto,
eclipse pra mim é sorte. Pra quem vê e guarda o momento com carinho, quase
fazendo um pedido, fazendo a lua de estrela cadente. Pra quem vê e quer que
todos vejam, tirando fotos, compartilhando o brilho, a luz, a insensatez do
momento. E as tantas horas de indagação sob a luz da “bola branca” (que nem sempre
é bola e nem sempre é branca, amiguinhos) me fez perceber que também somos
capazes de “sofrer” um eclipse. Somos solares, lunares, lunáticos. O fenômeno
da mudança está em nós, na nossa órbita louca, na nossa mania de brilhar mesmo
sem querer. É preciso escurecer pra que algum dia a gente ganhe as cores
certas. Somos corpos. Somos do céu. Isso já o suficiente
Mas
poxa, dona Lua, custava marcar esse eclipse mais cedo?
(Aproveita que eu ando óbvia e escute Eclipse oculto, Cazuza)
(Tumblr)
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