Hoje acabei de escrever meu quarto livro.
A primeira sensação é estranha. Um
alívio, um peso a menos nas costas. São quase três da manhã e minha cabeça dói
um pouco, mas o que importa é que “Para quando desceres os sete palmos” já
entrou na minha pasta de projetos concluídos. Falta achar uma editora, mas isso
é papo pra mais de hora.
Escrever um romance é mais
complicado do que administrar um romance – até porque o amor não se administra,
e relacionamentos não combinam com regras ou finanças. E escrever também não
combina com regras, apenas com as gramaticais. Ora, então estou me
contradizendo: os dois são igualmente difíceis. E igualmente prazerosos.
Demorei bastante para escrever esse
livro. Os outros levaram três meses no máximo para saírem de mim. Mas esse...
Nem sei quanto tempo levou, mas foi bem mais que três meses. Não sei explicar a afinidade que criamos. Romances parecem não ter fim. Nem os
dos livros nem os dos relacionamentos.
Inventar uma história é complicado demais.
Criar contos é mais fácil, porque são curtos e parecem caber na palma da mão.
Mas um livro é uma vida, e eu me sinto mãe dos meus personagens. Criar, parir,
alimentar, dar amor... É o mesmo processo.
Estou feliz por ter mais uma
história minha no mundo – mesmo que eu a abomine daqui a algumas horas. Mas por
enquanto, eu aproveito essa sensação que é melhor do que aquela causada pelo
fato de ter escrito quatro livros: a sensação de que sou capaz de criar histórias.
Os Tribalistas dizem naquela música clássica da nossa MPB que já sabem namorar;
bom, digo ao povo que já sei falar de amor.
Ah, para os interessados de plantão:
a história gira em torno de um carioca que vai morar na Inglaterra em 1940 para
cuidar de uma tia doente. Um rapaz desajustado, sensível demais, quase “um
marica”, segundo seu pai. Porém, numa pequena cidade inglesa, descobre um ofício que pode mudar
sua vida – além de ajuda-lo a se descobrir.
Se os anjos permitirem, em breve "Para quando..." estará na
sua prateleira.
(Ouça Cartas de amor, Maria Bethânia - ou leia o poema Todas as cartas de amor são ridículas, Álvaro de Campos)
(tchmo)
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