domingo, 5 de julho de 2015

(Com)timento

Eu ia escrever especialmente sobre um filme maravilhoso que vi nesse final de semana. E acho que vou acabar esbarrando nele, porque o assunto que o ultrapassou dentro da minha cabeça vai dar no mesmo buraco: sentimento.
               Calma, fica tranquilo que eu não vou cantar as dez músicas do Vercillo mais tocadas no rádio. Eu até poderia fazer isso, mas deixa pra próxima. Pode ser?
               Pois bem.
               É estranho como a vida dá uns solavancos na gente. Tudo começa com a nossa total falta de percepção do que há ao nosso redor. Redes sociais, imprevistos, trânsito, estresse... Partiu listinha. Partiu partir. Partiu. No meio. Um quarto. Um oitavo. Quantos avos? Alguém aí ainda se lembra de como fazer cálculos com frações?
               Sim, eu concordo, a vida é muito louca, muito, muito louca. Parece que tá sempre andando no meio-fio. Bêbada sem tomar uma gota de álcool. Mas a vida é tão rara, já dizia Lenine... E quando a gente se esquece dessa raridade (por mais que acredite em reencarnação, eu também acredito), ficamos cegos. Não enxergamos a nossa capacidade de se expandir através do que já vem dentro de nós: os nossos próprios sentimentos. De repente, somos controlados pelo medo: de se envolver, de se entregar, de falar a verdade, de assumir seus gostos, de dar a cara a tapa, de fazer acontecer, de acreditar, de realizar. Medo e raiva, sim. Impotência, irresponsabilidade, inconsequência, “que tudo mais vá pro inferno”. Nosso instinto de proteção (não só controlado pelo medo, mas também pelo nojo, pela repulsa, pelo “torcer de nariz”) é ativado automaticamente, e tudo que temos a fazer é continuar vivendo, ou melhor, sobrevivendo. E aí nos esquecemos que o que realmente nos controla é a nossa capacidade de sorrir e de chorar. Nosso filtro: alegria e tristeza. Quando cair na gargalhada? Quando refletir? Como dar valor às coisas simples da vida? Como viver?
               Assisti “Divertida mente” nesse último fim de semana, e acho que nunca me apeguei tanto a um filme. Creio que as tintas da infantilização também me ajudaram a lidar com essa coisa tão complexa que é o sentimento humano. Somos humanos porque sentimos, e quantas vezes eu me recusei a sentir, quis lavar as mãos ou tentei ver as coisas da maneira mais fácil possível simplesmente para me proteger... Somos muito mais do que isso, do que o medo, do que a angústia, a inconsequência e o “não conheço e nem quero conhecer”. Estamos aqui de passagem. Tem que valer a pena, cê entende?
               Talvez esse texto seja uma grande lambança, e eu realmente acho que é. Mas acho que é exatamente quando estamos no momento mais trash de nossas vidas, sabe, aquele degrau abaixo do fundo do poço, então, é nesse lugarzinho escuro e frio que vamos refletir sobre o que temos feito e como devemos agir – tudo isso baseado no que sentimos, no que queremos. Sem medo. Sem raiva. Sem nojinho. (acabei de descartar alguns dos protagonistas do filme, mas na hora do “vamu vê”, quem faz a magia acontecer é a Alegria e a Tristeza). Aliás, essa reflexão sempre acontece nos filmes – nesse não ia ser diferente.
               Ser feliz é pra quem tem coragem, minha gente. Já dizia dona Canô. 
               Ah, perdão pelo trocadilho no título. Risos. 

(Ouça Sambinha bom, Mallu Magalhães)

(Tumblr)

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