sábado, 3 de setembro de 2016

Deu vontade



Cartas trancadas na gaveta
Madrugadas que são vidas inteiras
Versos sem eira nem beira
Que doideira!

Ver o tempo passar
e a saudade virar sorriso
desses paridos no meio da reza
desses perdidos no meio da prosa
desses sorridos por novos olhos
que me comem, nervosos,
enquanto os seus se fecham.
Que doideira a canção do Chico,
o apego, o desejo, o que não tem nome ou partido.
Que doideira a vontade que passa
e que vira desgraça
ou onda do mar.
Que doideira essa vida
tão cheia de páginas,
tão sublinhada,
tão bem escrita.
Que doideira é se entregar
- umas dessas doideiras
Que talvez você nunca sinta
por medo ou por sina
ou simplesmente por não saber
endoidar. 

(Ouça In Our Nature, José González) 




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