Aqui é tudo diferente.
O horário, o clima, a neblina, o volume de chuva.
Até os seriados daqui são diferentes.
Aqui você se perde em becos, em igrejas, em monumentos.
Aqui você se guia pelo cheiro das tapas ou pelo tilintar das taças de vinho.
Aqui todo mundo tem hora pra descansar - mesmo que não esteja cansado.
Não vejo aviões no céu daqui.
Mas vejo o sol que, todo dia, mesmo que seja só por alguns minutinhos, arromba as nuvens e aparece, brilha, arrancando um sorriso de quem quer que seja.
Aqui amanhece tarde, anoitece tarde, a vida é uma eterna tarde.
O velho se mistura com o novo, ou envelhece o novo. Sei lá, parece que você quer viver tudo de novo.
Aqui tem uma magia louca, que vai além das palavras do tal alquimista.
Aqui é todo mundo simples, sério, simpático.
Às vezes, é tão perfeito que parece ser feito de plástico.
Até você perceber que aqui, meu amigo, aqui é tudo de pedra.
Petrificado.
Aqui você conta o tempo, mas quando dá por si, mal começou e já se perdeu.
Aqui tem verde, tem cinza, tem marrom.
Tem as mil cores dos cachecóis.
Tem caminhos esquecidos.
Tem becos,
Tem sossego.
Tem descoberta e fascinação.
Aqui tem saudade, muita saudade.
Aqui não existe, é lenda.
É história.
É um quarto escuro.
É um pub entre cristos e cristais.
É um mito.
É bruxaria.
É oração.
É indeterminado.
Inacabado.
Impressionante.
(Ouça sou seu sabiá, Marisa Monte)
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