Mas não me tiram a casa.
Podem me tirar o sossego,
Mas não me tiram a paz.
Podem me tomar as grades,
Mas nunca me tirarão a janela.
Podem me arrancar os olhos,
Mas jamais terão minha vista.
Me arranquem a rima,
Mas a poesia é e sempre será toda minha.
Não me tiram a altura,
A lua,
A luz e o barulho dos aviões.
Não me tiram as lágrimas,
As aventuras
E nem o peso de algumas decepções.
O registro que cai ao abrir o chuveiro
O ventilador que não funciona direito
A porta sanfonada que bate de madrugada
A madrugada – nunca me tirarão a madrugada!
Me arranquem a rima,
Mas a poesia é e sempre será toda minha.
Pode a vida me pregar peças,
Me fazer mudar de ares e pensares,
E podem até mesmo me arrancar a tal da vida
Mas desse chão, meu pobre,
Desse chão não saio,
Não caio,
Não desgrudo.
Daqui só vou para a vida
Mesmo que eu me perca em trocentas milhas
Mas daqui eu sempre serei
- daqui ninguém me tira.
Me arranquem a rima,
Mas a poesia é e sempre será toda minha.
(Ouça The captain of her heart, Double)
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